Rute, Noemi e Mara

A integridade resistente de Rute em relacionamento com a Noemi Amarga (Mara). A "ostra", que ao ser machucada, se transforma em uma linda pérola (Rute).

Lucas Lima

8/18/20253 min read

Reflexão sobre Rute, Noemi e Mara

Irmãos, algo interessante a observar na história de Noemi (que se fez chamar Mara) e de Rute é que o Senhor coloca lado a lado duas mulheres de naturezas distintas. Rute, pelo contexto bíblico, era doce, agradável, trabalhadora, esforçada e fiel — como vemos no relato de Boaz em Rute 2:11-12. Já Noemi, após as tragédias pessoais que viveu, passou a se considerar “Mara”, isto é, amarga.

Quando as mulheres da cidade a reconheceram, perguntando: “Não é esta Noemi?” (Rute 1:19-22), ela ignorou a presença de Rute e insistiu que a chamassem de Mara, pois cria que o Senhor a havia tornado amarga. Essa mesma palavra “Mara” aparece em Êxodo 15:23-24, quando Israel encontrou águas amargas no deserto e murmurou contra o Senhor.

Apesar disso, Rute decidiu permanecer fiel à sua sogra. Em Rute 1:16-17, ela declara:

“Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.”

Essa atitude mostra que, mesmo convivendo com alguém marcado pela amargura, é possível viver de forma agradável e fiel. A experiência de Rute nos ensina que crescer sob a influência de pessoas traumatizadas ou amarguradas não impede ninguém de cumprir o propósito de Deus.

Fidelidade recompensada

No capítulo 2:10-12, Boaz reconhece o caráter de Rute e diz:

“Bem se me contou tudo quanto fizeste a tua sogra, depois da morte de teu marido; e deixaste a teu pai, a tua mãe e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que dantes não conhecias. O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprida a tua recompensa do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas vieste buscar refúgio.”

Rute não buscou sua própria felicidade egoísta, como muitos pregam em ideologias modernas. Ela demonstrou fidelidade, humildade e serviço — virtudes altamente valorizadas no contexto familiar e social de Israel. Sua postura foi vista como algo digno de louvor, tanto no aspecto religioso quanto moral e social.

Aplicação ministerial e o exemplo de Davi

Assim como Rute permaneceu fiel a Noemi, nós também devemos manter a postura correta no ministério. Ainda que um pastor presidente apresente falhas ou atitudes negativas, o auxiliar não deve “ter sangue em suas mãos” contra ele, nem buscar honra em outro lugar que não aquele designado pelo Senhor.

O exemplo de Davi diante de Saul é claro: por cerca de 10 anos, ele sobreviveu no deserto sendo perseguido implacavelmente. Esse tempo de humilhação e anonimato forjou seu caráter, treinou-o militarmente e o preparou para ser o maior rei de Israel. O deserto, lugar de marginalizados, tornou-se a escola de Deus para Davi.

Perceba que Deus não lhe explicou antecipadamente os motivos. Muitas vezes, o Senhor não nos revela certas coisas para que aprendamos a depender dEle. Assim como o cego desenvolve maior sensibilidade em outros sentidos, ou como alguém sem mãos pode pintar quadros com os pés, também precisamos aprender a viver pela direção do Espírito Santo.

Conclusão

Rute nos ensina que a fidelidade demonstrada no anonimato tem grande valor diante de Deus. Davi nos mostra que períodos de perseguição e deserto são instrumentos de preparação.

Deus não compartilha Sua glória com ninguém. A formação do caráter, a disciplina do deserto e a dependência do Espírito Santo servem para que a glória seja unicamente dEle — do início ao fim da jornada.

Assim, meus irmãos, sigamos sendo guiados pelo Espírito Santo, confiando que Ele nos sustenta desde o deserto até o palácio. Este é o melhor lugar para estarmos: na dependência de Deus.

Que o Senhor os abençoe ricamente.