inChurch
Relatório Estratégico e Perfil da Empresa
8/15/202535 min read
A inChurch na Era da Digitalização da Igreja
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Fundadores e Equipe de Liderança
Pedro Franco (à esquerda) e Sydney de Menezes (à direita), cofundadores e hoje co-CEOs da inChurch.
InChurch – Relatório Estratégico e Perfil da Empresa
Tecnologia e fé caminhando juntas – a inChurch surge para digitalizara experiência de organizações religiosas.
Introdução
A inChurch é uma empresa brasileira de tecnologia especializada em soluções digitais para igrejas.
Fundada em 2017, a startup tornou-se líder em tecnologia para congregações, oferecendo uma plataforma completa que integra aplicativos móveis, sistemas de gestão e ferramentas de engajamento voltadas ao público religioso.
Atualmente, suas soluções atendem a mais de 45 mil igrejas em dezenas de países, conectando cerca de 700 mil fiéis (em 2021) – número projetado para 2 milhões já em 2022 .
Com um modelo de negócio baseado em software como serviço (SaaS), a inChurch busca capacitar instituições religiosas de todos os portes na era digital, ajudando-as a atrair, cuidar e envolver membros dentro e fora do ambiente de culto presencial.
A seguir, apresenta-se um panorama estratégico completo da empresa, abrangendo sua história, liderança, produtos, modelo de negócios, clientes, métricas de desempenho, informações financeiras, investidores e perspectivas de crescimento.
História da Fundação e Origem da Empresa
A trajetória da inChurch teve início a partir do encontro de dois empreendedores cariocas, Pedro Franco e Sydney de Menezes, em um grupo de jovens da igreja evangélica Sara Nossa Terra .
Em meados de 2013, ambos discutiam um problema comum nas comunidades religiosas: frequentemente havia fiéis em busca de emprego ou serviços dentro da própria igreja, mas faltava visibilidade para conectá-los às oportunidades disponíveis.
Desse insight nasceu a ideia embrionária de um aplicativo que facilitasse a conexão entre membros de igrejas para ofertas e demandas de serviços – inicialmente chamado inRadar, um “guia de bairro” para os tempos de smartphone .
Paralelamente, os fundadores já possuíam experiência no setor de tecnologia e empreendedorismo. Antes de ingressar no ramo religioso, Pedro e Sydney haviam criado, junto a um investidor anjo internacional, uma desenvolvedora de negócios chamada YBank, focada em aplicativos móveis.
O primeiro projeto da YBank foi um app de entregas chamado Easy Delivery (ou Ez-Delivery), lançado em 2016, que obteve boa recepção inicial.
Contudo, em poucos anos o mercado de delivery passou a ser dominado por um “unicórnio” concorrente (startup avaliada em mais de US$ 1 bilhão), o que levou Pedro e Sydney a venderem o Easy Delivery e buscarem um novo nicho para empreender .
Foi então que a dupla de sócios voltou seus esforços para a oportunidade identificada na igreja. Não estava nos planos originais deles atuar no segmento religioso, mas a demanda concreta de digitalizar um “livrinho de contatos” da igreja – usado pelos fiéis para anunciar seus serviços – acendeu a fagulha para o novo negócio.
Em 2017, com a popularização dos smartphones já em pleno curso, os empreendedores fundaram formalmente a inChurch, assumindo o desafio de modernizar a gestão e a comunicação das igrejas brasileiras. Nesse momento, houve uma pivotagem do projeto inicial: o aplicativo de guia de serviços inRadar transformou-se na plataforma integrada inChurch, refletindo uma mudança cultural ampla em que até então muitos templos ainda se organizavam de forma analógica (em planilhas e papel) .
Os fundadores Pedro Franco e Sydney (Sidney) de Menezes são os pilares da liderança da inChurch. Ambos são publicitários de formação, nascidos no Rio de Janeiro, e compartilham a fé evangélica e o espírito empreendedor.
Eles se conheceram na igreja Sara Nossa Terra e, antes da inChurch, atuaram juntos em iniciativas de marketing e tecnologia, o que lhes conferiu experiência prévia na criação e administração de startups.
Hoje, Pedro e Sydney exercem conjuntamente o papel de co-CEOs da empresa, dividindo as responsabilidades estratégicas. No início da operação, Sydney ocupava também a função de CMO (diretor de marketing) enquanto Pedro atuava como CCO (diretor de produto/comunicação) , mas à medida que a startup cresceu ambos passaram a liderar em dupla, com foco em expandir os negócios e cumprir a missão da empresa.
A equipe de liderança vem se robustecendo conforme a empresa cresce. Em 2023, a inChurch trouxe para seu time executivo Nando Valente, ex-gerente-geral do app cristão Glorify no Brasil. Com larga experiência no segmento religioso (incluindo atuação em emissoras de TV voltadas à fé e plataformas de conteúdo cristão), Valente ingressou como Chief Revenue Officer (CRO), responsável por novas iniciativas de negócios e monetização. Sua contratação adiciona expertise ao quadro diretivo e reflete a intenção da inChurch em profissionalizar a gestão comercial para sustentar sua próxima fase de crescimento.
Outra adição importante foi no braço educacional: a unidade UninChurch (plataforma de educação continuada para igrejas) é liderada por Javier Casademunt, professor associado e diretor da renomada escola de negócios ESADE, da Espanha . Casademunt assumiu o comando de conteúdo e operações da UninChurch, especialmente em sua expansão para os Estados Unidos, contribuindo com visão acadêmica e internacional à liderança da startup.
A empresa também integrou talentos de aquisições estratégicas. Em 2023, a inChurch adquiriu a startup Atos6 (um sistema de gestão para igrejas e células) e, com isso, Luiz Barbosa, cofundador e ex-CEO da Atos6, uniu-se ao projeto inChurch . Segundo Barbosa, a união das duas empresas abre caminho para construir algo de alcance global e mais relevância no setor, potencializando a expansão da inChurch .
Atualmente, a inChurch conta com uma equipe em crescimento: eram cerca de 100 colaboradores em 2021 e por volta de 150 colaboradores em 2023 , distribuídos entre as áreas de tecnologia, produto, atendimento ao cliente, marketing e educação. Essa estrutura de pessoas capacita a liderança a executar a visão estratégica da empresa, mantendo o propósito original definido por Sydney e Pedro: “ajudar a Igreja a ajudar as pessoas através da tecnologia” .
Projeto Embrionário e Primeiros Produtos
A gênese do produto da inChurch remonta ao inRadar, o aplicativo embrionário desenvolvido pelos fundadores antes da consolidação da plataforma atual. O inRadar surgiu como um guia digital de serviços voltado para membros de igrejas, inspirado pelos antigos catálogos impressos e murais de anúncios encontrados em congregações.
A ideia central era permitir que um fiel pudesse, através do smartphone, buscar prestadores de serviço “da mesma fé” – por exemplo, localizar um encanador ou um professor que frequentasse alguma igreja evangélica, dando preferência a irmãos na fé na hora de contratar.
O app funcionava como outros aplicativos de busca por serviços, porém com um filtro religioso: ao digitar o que precisava (uma pizzaria, por exemplo), o usuário via primeiro resultados de empreendedores da sua própria igreja, depois da mesma denominação e assim sucessivamente.
Além disso, o inRadar permitia a publicação de currículos e vagas de emprego, incorporando elementos típicos de redes profissionais (nos moldes do LinkedIn, porém direcionado à comunidade religiosa) .
Nos primeiros testes, o inRadar foi bem recebido em diversas comunidades de fé, indicando que os fiéis desejavam esse tipo de conexão econômica dentro do ambiente religioso . Contudo, desafios culturais emergiram.
Ao divulgar o aplicativo nas igrejas, os fundadores notaram uma certa resistência por parte de pastores em promover uma ferramenta externa durante os cultos. Como explicou Sydney, muitos líderes temiam dar palco a um produto comercial em pleno púlpito ou abrir precedente para que outros membros quisessem anunciar produtos e serviços ali também.
Em outras palavras, o nome “inRadar” e a natureza comercial da proposta criavam dúvidas sobre a linha entre mercado e igreja, dificultando a adoção orgânica sem a presença dos fundadores para explicar .
A resposta da startup a esse obstáculo foi uma importante mudança de rumo: transformaram o inRadar em um produto white label para as igrejas. Em vez de um app único, passou a ser uma ferramenta personalizada para cada instituição religiosa, carregando a marca e identidade de cada igreja. “Tinha que ser o aplicativo da igreja”, concluiu Sydney, percebendo que assim os pastores se sentiriam confortáveis em divulgar a novidade aos membros.
Essa pivotagem para o modelo white label ocorreu ainda nos estágios iniciais e provou-se crucial para a aceitação do produto no meio eclesiástico. Igrejas e organizações cristãs importantes abraçaram o inRadar sob suas próprias bandeiras – por exemplo, a Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno (ADHEP) adotou o app, e na Igreja Batista Atitude ele foi lançado com o nome “Empreendedores de Atitude” , alinhado aos programas internos da comunidade.
Com o formato white label consolidado, Pedro e Sydney logo vislumbraram que o potencial do aplicativo ia além de um catálogo de negócios.
Questionaram:
“Será que o fiel precisa baixar um aplicativo só para ver um guia? E se tivermos outras funcionalidades?”.
Esse pensamento deu origem à expansão de escopo: o inRadar evoluiu e passou a incorporar novas funções digitais para a vida da igreja, tornando-se o núcleo do que viria a ser a plataforma inChurch.
Assim, os primeiros produtos da inChurch incluíram não apenas o diretório de serviços (ainda presente como uma funcionalidade dentro da plataforma), mas também Bíblia digital, agendas de eventos, inscrições online, transmissão de cultos em vídeo, canais de doação de dízimos e ofertas, e espaços para pedidos de oração, entre outros.
Em resumo, o projeto embrionário focado em anúncios comunitários deu lugar a um ecossistema digital completo para igrejas, criado a partir de uma série de pivotagens guiadas pelo feedback das próprias igrejas e dos usuários ao longo dos primeiros anos.
Linha do Tempo: Evolução dos Serviços e Tecnologia
A evolução da inChurch pode ser traçada em uma linha do tempo com marcos fundamentais a cada ano, evidenciando como a startup cresceu e adaptou seus serviços às necessidades do mercado religioso digital:
Marco Evolutivo
2013
Ideia embrionária: Em conversas na igreja, surge o conceito do app inRadar para conectar fiéis a empregos e serviços na comunidade .
2016
Lançamento do Ez-Delivery (Easy Delivery) pela YBank, primeira startup de Pedro e Sydney no setor de entregas .
2017
Fundação da inChurch: pivotagem do foco para igrejas com o aplicativo inRadar (guia digital de serviços). O CNPJ da startup passa a se chamar oficialmente inChurch, acompanhando a adoção massiva de smartphones e a percepção de que igrejas careciam de digitalização .
2018
Investimento anjo de R$ 3 milhões aportado por Pedro Moll (diretor da Rede D’Or) no negócio nascente, via contatos da comunidade religiosa .
2019
Ampliação da plataforma: após feedback de líderes, o produto torna-se white label (app personalizado para cada igreja) e expande funcionalidades, integrando Bíblia online, doações digitais, inscrições em eventos, conteúdo multimídia e outras ferramentas pastorais . Grandes igrejas e redes como Lagoinha e Sara Nossa Terra começam a adotar a solução.
2020
Crescimento exponencial impulsionado pela pandemia de COVID-19: com templos fechados, a demanda por soluções online dispara. A base de clientes aumenta 115% no ano, chegando a mais de 5.000 igrejas ativas . A inChurch é selecionada para o Scale-Up Endeavor 2020, figurando entre as 200 empresas de maior potencial de crescimento do Brasil (a única do segmento cristão) . Lançamento de recurso exclusivo de multiplicação de lives (transmissão simultânea ampliada) na plataforma, para atender às necessidades de culto online.
Dez/2020
Rodada Seed: captação de R$ 5 milhões para escalar o negócio, liderada pelo fundo colaborativo Smart Money Ventures (dos investidores Fábio Póvoa e César Bertini) com participação da plataforma Eduzz e mais 20 investidores-anjo .
2021
Consolidação da liderança no Brasil: 30 mil igrejas atendidas em 23 países ; faturamento recorrente acima de R$ 460 mil por mês ; base de usuários atinge 700 mil fiéis cadastrados . Lançamento do braço educacional UninChurch, oferecendo cursos e treinamento (como o programa “Liderando a Igreja do Futuro”) para pastores e voluntários .
2022
Internacionalização: abertura do primeiro escritório fora do Brasil, em Orlando (EUA), focado inicialmente na UninChurch para treinar lideranças nos EUA antes de oferecer a plataforma tecnológica inChurch naquele mercado . Expansão do alcance para 16+ países e projeção de alcançar 2 milhões de usuários até o final do ano . Início de planejamento de uma potencial Série A de investimento, visando captar recursos adicionais para acelerar a expansão .
2023
Crescimento e aquisições: a base de clientes praticamente triplica no primeiro trimestre , elevando o total para 45 mil igrejas (incluindo a integração de clientes da recém-adquirida Atos6) e ampliando a presença para 32 países. A inChurch investe cerca de R$ 10 milhões em contratações e M&A – notadamente, adquire a Atos6 (antiga concorrente em sistemas para igrejas) para agregar novas funcionalidades e unificar o mercado . Contratação de Nando Valente como CRO para liderar novas receitas . Time supera 150 funcionários e empresa prepara terreno para expansão global mais agressiva.
2024+
Perspectivas: estruturação de uma rodada Série A de investimento (conforme antecipado pelos sócios) , almejando um valuation significativamente maior. Planos de expansão internacional contínua, mirando mercados da América do Norte, Europa e outros continentes com alta concentração de comunidades cristãs, seguindo o exemplo de unicórnios do setor nos EUA (PushPay, Ministry Brands) . Visão de longo prazo de se tornar um “unicórnio” brasileiro da fé (valor de mercado acima de US$ 1 bi) e eventualmente realizar um IPO (abertura de capital).
Principais Produtos e Soluções Oferecidas
A inChurch construiu um portfólio abrangente de produtos e soluções digitais voltados para igrejas, operando de forma integrada em uma única plataforma. Seus principais componentes incluem:
Aplicativos móveis white-label: cada igreja cliente recebe um app personalizado, com o nome e identidade visual da denominação, disponível nas lojas Android/iOS. Por meio do aplicativo, os membros podem acompanhar notícias e comunicados da igreja, assistir a cultos ao vivo ou gravados, acessar a Bíblia digital, ouvir podcasts, receber a “mensagem do dia” e notificações, bem como interagir com diversos ministérios e grupos da comunidade . A solução white-label garante que a presença da igreja no smartphone do fiel seja uma extensão digital do templo físico, reforçando a identidade da instituição .
Sistema de gestão e engajamento pastoral: a plataforma oferece às lideranças um painel administrativo (dashboard web) para gerenciar as atividades e informações da igreja. Entre as funcionalidades, destacam-se controle de membros e visitantes (inclusive acompanhamento de frequência), gerenciamento de células ou pequenos grupos, agendamento de batismos, gestão de ministérios de crianças, cadastro de novos convertidos e acompanhamento de “almas” (membros) ganhos . Esses recursos permitem aos pastores e equipes administrativas ter uma visão organizada da comunidade, facilitando o cuidado pastoral individualizado (por exemplo, identificando quem faltou e pode precisar de apoio).
Comunicação integrada e conteúdos multimídia: a inChurch funciona como uma central de comunicação interna da congregação. A igreja pode publicar eventos (cultos, encontros, conferências), e os membros inscrevem-se pelo app . É possível enviar notificações push segmentadas, compartilhar devocionais, planos de leitura bíblica e divulgar materiais de estudo. A plataforma inclui ainda um sistema de streaming de vídeo para transmissões de cultos e um recurso exclusivo que multiplica a audiência por meio de retransmissão em perfis conectados (aumentando o alcance das lives) . Dessa forma, a igreja alcança os fiéis nos canais digitais com a mesma mensagem compartilhada no culto presencial, viabilizando o conceito de “igreja híbrida” .
Engajamento do membro e interação comunitária: pelo aplicativo, o fiel pode registrar pedidos de oração (que a equipe pastoral acompanha), testemunhos, responder enquetes da igreja e sinalizar como está se sentindo ou se necessita de alguma assistência . Há espaço para inscrição em ministérios e voluntariado, e a plataforma oferece cursos e conteúdo de educação religiosa on-line para capacitar esses voluntários (ex.: treinamento de acolhimento, música, etc.), tornando-os mais preparados para servir . A ideia é estimular a participação contínua dos membros, mesmo fora dos cultos de fim de semana, fortalecendo o senso de comunidade.
Doações e facilidades financeiras: uma das soluções centrais é o módulo de contribuições online, que permite ao fiel realizar dízimos e ofertas via aplicativo, usando cartão, boleto ou Pix . A inChurch disponibiliza também uma máquina de cartão (POS) integrada, em parceria com a empresa Granito (do Banco BMG), para recebimento de doações in loco com praticidade . Todas as contribuições podem ser direcionadas a propósitos específicos – por exemplo, uma campanha missionária ou um projeto social –, aumentando a transparência e confiança no uso dos recursos . O sistema registra essas transações, facilitando a prestação de contas por parte da igreja (caso ela deseje compartilhar relatórios financeiros com a membresia). Em resumo, a plataforma viabiliza a igreja “cashless”, onde até a passagem da sacolinha de oferta pode ser digital.
Totens de autoatendimento: Além do app e do site, a inChurch fornece totens interativos para serem instalados nos templos. Nesses dispositivos, os frequentadores conseguem, de forma intuitiva, se cadastrar, atualizar dados, fazer inscrições em eventos, pedidos de oração ou mesmo contribuições, sem precisar de atendimento direto . É uma extensão da plataforma no ambiente físico da igreja, agilizando o fluxo em entradas de cultos ou secretarias.
Websites e presença online: juntamente com o aplicativo, a inChurch desenvolve para a igreja um site oficial integrado. Esse site reflete as informações do app (eventos, notícias, cultos ao vivo, etc.) e melhora a presença digital da instituição, servindo como porta de entrada para novos visitantes. A oferta combinada (app + site) garante coerência nas informações e atualizações em múltiplos canais. Igrejas menores podem optar por planos básicos que incluem um site simples e um app padronizado, enquanto igrejas maiores costumam personalizar mais profundamente suas plataformas .
Catálogo de serviços (inRadar): o que foi o produto precursor retorna agora como uma funcionalidade dentro do ecossistema. A inChurch está redesenhando o catálogo digital de empreendedores e profissionais da comunidade para relançá-lo no app . Em breve, os membros poderão novamente buscar negócios de irmãos na fé (por denominação ou região) através do aplicativo de sua igreja, incentivando a economia solidária dentro das congregações. Essa funcionalidade revitalizada pretende trazer de volta, de forma mais moderna e integrada, aquele benefício original imaginado lá no início do projeto: fomentar conexões e suporte mútuo entre fiéis no dia a dia.
UninChurch (braço educacional): lançada em 2021, a UninChurch é uma plataforma de educação continuada e treinamento voltada ao público cristão. Ela oferece cursos online, programas de mentoria, workshops e conteúdo educativo nas áreas de liderança e gestão eclesiástica, comunicação, tecnologia e desenvolvimento ministerial . Um dos carros-chefe é um curso no formato de MBA para pastores e líderes, chamado “Liderando a Igreja do Futuro”, que prepara as lideranças para os desafios de gerir igrejas na era digital . Além disso, há módulos mais curtos para capacitar equipes ministeriais e voluntários no uso efetivo das ferramentas da inChurch, de modo a gerar mais engajamento da comunidade . A UninChurch funciona de forma complementar à plataforma tecnológica: enquanto o app provê a ferramenta, a UninChurch ensina como utilizá-la estrategicamente, promovendo melhores práticas de evangelização digital, gestão financeira da igreja, produção de conteúdo online, etc. Após receber um aporte em 2021, a inChurch decidiu expandir o UninChurch internacionalmente antes mesmo da plataforma principal – estabelecendo uma base em Orlando, EUA, para oferecer treinamento a pastores numa região de grande influência global e com forte presença de líderes brasileiros em viagem . Essa estratégia educacional tem duplo papel: ajudar as igrejas a obterem resultados concretos com a tecnologia e abrir portas em novos mercados pela via do ensino.
Em conjunto, essas soluções fazem da inChurch um hub digital completo para igrejas, cobrindo desde a gestão administrativa até o engajamento espiritual dos membros. A proposta de valor central é potencializar a missão da Igreja através da tecnologia, levando congregações de todos os portes a um patamar 4.0 (uso inteligente de dados, comunicação omnichannel e serviços online) sem que precisem desenvolver internamente essas ferramentas.
Modelo de Negócios e Fontes de Receita
O modelo de negócios da inChurch baseia-se em SaaS (Software as a Service) na vertical religiosa. As igrejas pagam uma assinatura mensal para utilizar a plataforma, de acordo com o pacote de soluções escolhidas. Em outras palavras, a inChurch opera no esquema B2B2C: vende a solução para a instituição (B2B), que por sua vez distribui o uso aos fiéis (consumidores finais) . Esse formato tem uma dinâmica própria – a startup depende do engajamento dos membros para o sucesso pleno, mas a igreja cliente é o principal agente ativo em promover o app junto ao seu público.
Há normalmente diferentes planos de assinatura conforme o tamanho da igreja e os módulos contratados. Por exemplo, uma organização de pequeno porte pode aderir a um plano básico, com aplicativo padrão e site simples, por um valor acessível mensal. Já denominações maiores, que demandam apps altamente personalizados, múltiplos sub-apps para cada campus e integrações avançadas, negociam planos premium. Conforme divulgado em entrevista, “um aplicativo simples, sem personalização, sai por cerca de R$ 99,90 mensais, mais R$ 49,90 pelo site” – valores indicativos de entrada . Já um pacote completo e customizado pode custar significativamente mais, porém entrega funcionalidades abrangentes que substituem diversas ferramentas isoladas. Em todos os casos, a receita recorrente de assinaturas é a base financeira da empresa, garantindo previsibilidade de caixa e escalabilidade conforme aumenta o número de clientes.
Além das mensalidades, a inChurch pode auferir receita de serviços complementares. Um exemplo é a participação em transações: nas doações online e pagamentos processados via plataforma (como inscrições pagas em eventos ou cursos), existe potencial de comissão ou taxa de conveniência embutida. Embora a empresa não divulgue detalhes sobre essas taxas, esse modelo é comum em plataformas digitais (um take rate sobre transações realizadas). Também há venda ou aluguel dos equipamentos (POS e totens) fornecidos em parceria – geralmente a fornecedora de pagamento (Granito) repassa uma parcela das taxas de operação à inChurch como parte do acordo estratégico.
Outra fonte de receita são os programas de educação. A UninChurch, por exemplo, oferece cursos pagos, cujas inscrições geram faturamento. Igrejas e indivíduos podem adquirir capacitações específicas, e essa vertical educacional adiciona um fluxo de receita não recorrente (ou recorrente, no caso de programas de assinatura de conteúdo) ao negócio principal. Conforme noticiado, a plataforma habilita desde “cursos pagos até doações para missões” dentro do ecossistema digital da igreja , mostrando a versatilidade de monetização indireta: a igreja pode vender um curso bíblico aos membros via app, e a inChurch viabiliza a transação, possivelmente retendo uma fração dela (ou aumentando o valor percebido de sua assinatura).
Importante ressaltar que a inChurch, embora focada no segmento religioso, posiciona-se como uma startup de tecnologia como qualquer outra, buscando crescimento exponencial e sustentabilidade financeira. Os sócios mencionaram ter ambições globais e aportes milionários, porém são discretos quanto a detalhes de lucratividade ou volume financeiro exato transacionado pela plataforma . Sabe-se que a empresa atingiu um patamar de faturamento superior a R$ 460 mil mensais em 2020 e manteve forte crescimento nos anos seguintes, mas não foi revelado publicamente se já opera no lucro ou ainda reinveste para ganhar escala. Em entrevistas, os fundadores preferem destacar o tamanho do mercado e o impacto da solução do que divulgar métricas financeiras específicas – possivelmente por estratégia ou para evitar interpretações indevidas (visto que doações religiosas são um tema sensível) .
Resumidamente, as fontes de receita da inChurch incluem: assinaturas de igrejas (SaaS), possivelmente taxas sobre transações de pagamento, serviços de implantação e personalização (para clientes maiores que demandam integração com sistemas legados, por exemplo) e venda de conteúdo educacional. Esse modelo diversificado, mas centrado em recorrência de assinaturas, confere à startup um fluxo de renda previsível e escalável. Conforme a base de clientes cresce – e a igreja “é a maior interessada em trazer seus membros para a plataforma” –, a receita tende a acompanhar a expansão sem custos proporcionais, dadas as características típicas de software (custo marginal baixo por novo usuário). Com isso, a inChurch busca alcançar um crescimento exponencial mantendo um equilíbrio saudável entre volume de usuários e monetização, reinvestindo os ganhos na melhoria contínua da tecnologia, em marketing e na aquisição de novos clientes.
Principais Clientes e Parcerias Estratégicas
Por atender um nicho específico, a inChurch construiu seu portfólio de clientes focado em igrejas evangélicas e outras instituições cristãs. Hoje a plataforma é utilizada por congregações de diferentes denominações, abrangendo desde comunidades locais até megaigrejas de projeção nacional e internacional. Entre os principais clientes da inChurch estão algumas das maiores igrejas do Brasil, como:
Igreja Batista Lagoinha, de Belo Horizonte – uma das maiores comunidades batistas do país, com centenas de unidades;
Igreja da Cidade, em São José dos Campos – referência em inovação e crescimento entre igrejas batistas;
Igreja Batista Central de Belo Horizonte – outra megaigreja influente no meio evangélico;
Assembleia de Deus Ministério Belém – ramo histórico das Assembleias de Deus, com matriz em SP;
Igreja Deus é Amor – denominação pentecostal tradicional com presença internacional;
Ministério Alcance – igreja em Curitiba com forte trabalho comunitário;
MEVAM (Missões Evangelísticas Vinde Amados Meus) – ministério conhecido no sul do Brasil;
Bola de Neve Church – igreja jovem e contemporânea com presença em várias cidades;
Igreja Atitude (Batista Atitude) – sediada no RJ, conhecida por projetos de empreendedorismo (onde o inRadar foi piloto) ;
Sara Nossa Terra – denominação neo-pentecostal com alcance nacional (igreja de origem dos fundadores);
Comunidade das Nações e outras igrejas independentes de médio porte.
Essa diversidade de clientes mostra que a inChurch atende desde pequenos templos com 50 membros até grandes instituições com 25 mil congregados . Ou seja, a plataforma se adapta a diferentes escalas: uma igreja pequena pode usar recursos básicos para organizar melhor seus 50 fiéis, enquanto uma megaigreja com milhares de participantes utiliza dezenas de funcionalidades para engajar seu rebanho extenso e distribuído. Em todos os casos, o feedback dos clientes tem sido positivo, com relatos de aumento de retenção e crescimento: por exemplo, durante a pandemia, igrejas parceiras reportaram salto de “1.000 para 3.000 membros” após adotarem a plataforma, expandindo o alcance além das barreiras físicas . Outro caso citado foi de uma congregação que saiu de 50 participantes presenciais para 400 após implementar as ferramentas digitais, reduzindo a evasão e ampliando a participação ativa dos fiéis .
No que tange a parcerias estratégicas, a inChurch tem se aliado a empresas e iniciativas que complementam seu ecossistema. Uma das parcerias-chave é com a Granito (Grupo BMG) na oferta de soluções de pagamento. A maquininha POS customizada da inChurch é viabilizada graças a essa colaboração, que integra o processamento financeiro de modo fluido às necessidades das igrejas . Assim, a startup foca no software enquanto a Granito provê a infraestrutura de pagamentos, num modelo ganha-ganha onde ambos expandem presença no segmento religioso.
Outra parceria importante ocorreu na área de conteúdo digital. O investimento recebido da Eduzz, plataforma de infoprodutores, trouxe não só capital mas também uma conexão com o mercado de produtores de conteúdo e influenciadores evangélicos . A Eduzz, ao se tornar investidora em 2020, sinalizou que poderia ajudar a inChurch no mercado de influenciadores gospel – ou seja, facilitando que pregadores e produtores de conteúdo cristão utilizem a inChurch para distribuir seus materiais ou integrando funcionalidades de venda de cursos e e-books religiosos. Essa sinergia aumenta o apelo da plataforma, agregando valor tanto para igrejas quanto para a comunidade de criadores de conteúdo de fé.
No âmbito institucional, a inChurch também possui relações estreitas com organizações e redes evangélicas. Conforme mencionado, sua solução de guia de serviços foi adotada pela ADHEP (Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno), indicando trânsito junto a entidades paraeclesiásticas de empreendedores cristãos . Além disso, a empresa participa ativamente de eventos do setor de tecnologia e fé – por exemplo, esteve presente e foi destaque na Church Tech Expo 2025, feira brasileira voltada à tecnologia para igrejas (como sugerem postagens nas redes sociais da empresa ). Nessas ocasiões, a inChurch uniu forças com parceiros que compartilham do mesmo propósito, apresentando soluções integradas e casos de sucesso em conjunto .
Cabe citar que, internacionalmente, a inChurch acompanha as igrejas brasileiras em expansão. Muitas denominações nacionais possuem unidades no exterior e levam a tecnologia junto. A empresa já atua em vários países além do Brasil – incluindo Estados Unidos, Portugal, Reino Unido, França, Itália, Espanha, Alemanha, Angola, Japão, Argentina, Chile, entre outros – graças em parte a parcerias com essas denominações globais. Um exemplo são os ministérios ligados à Global Kingdom Partnership Network (GKPN), uma rede internacional de igrejas influentes: a inChurch colabora para prover tecnologia a eventos e conferências dessa rede, sendo citada como ferramenta que já auxilia milhares de igrejas ao redor do mundo .
Por fim, do lado tecnológico, a inChurch se mantém próxima a comunidades de desenvolvimento e startups, tendo sido acelerada pela Endeavor (detalhes a seguir) e mantendo contato com investidores experientes do ecossistema (como Fabio Póvoa, cofundador da Movile/iFood, hoje parceiro-investidor). Esse networking serve como parceria estratégica invisível, garantindo acesso a conselhos, talentos e oportunidades de mercado alavancadas pela rede de mentores e investidores que compartilham da visão de crescimento da empresa.
Em suma, os principais “clientes” da inChurch são as igrejas – e dentro delas, tanto grandes organizações quanto pequenas comunidades encontram valor na solução. E os principais “parceiros” vão desde empresas financeiras e educacionais, passando por redes e associações religiosas, até aceleradoras e fundos de investimento. Esse ecossistema de apoio reforça a capacidade da inChurch em inovar e ampliar seu alcance no mercado cristão.
Número de Usuários e Igrejas Atendidas
A escala de adoção da inChurch cresceu de forma notável desde a sua fundação, refletindo a rápida digitalização das igrejas nos últimos anos. Em termos de igrejas atendidas, a evolução foi aproximadamente: 5 mil igrejas em 2020 , saltando para 30 mil igrejas em 2021 e alcançando cerca de 45 mil igrejas em 2023 . Esse número inclui ministérios de diferentes tamanhos e denominações, espalhados pelo Brasil e pelo exterior. Hoje a inChurch reporta presença em todos os estados brasileiros e em mais de 30 países, acompanhando a expansão global de denominações originadas no Brasil . Em fevereiro de 2022, por exemplo, a empresa atendia clientes em 23 países, e esse alcance foi ampliado posteriormente com a abertura de mercado nos EUA e Europa . A estratégia de primeiro levar a UninChurch para a Flórida (EUA) teve como objetivo usar a região como vitrine e hub de treinamento para, então, expandir a plataforma inChurch nesses e em “vários países” – visão que já se concretizava naquele ano .
No que diz respeito aos usuários finais (fiéis cadastrados) que utilizam os aplicativos das igrejas, os números também impressionam. Até meados de 2021, mais de 700 mil usuários já haviam se registrado nas plataformas das igrejas clientes . Esse total representou um crescimento de 182% em relação ao ano anterior (2020), muito impulsionado pela necessidade das igrejas se manterem conectadas virtualmente durante a pandemia . Com novos contratos de grandes denominações e eventos de massa, projetou-se alcançar 2 milhões de usuários cadastrados já em 2022 – meta que a empresa esperava atingir em poucos meses a partir do início de 2022. De fato, em dezembro de 2021 os fundadores declararam expectativa de chegar a 2 milhões de usuários até o final daquele ano , o que indica que a base ativa poderia já estar na casa dos milhões atualmente (2025). Considerando que cada igreja cliente tem potencialmente dezenas, centenas ou mesmo milhares de membros, o teto de usuários ainda pode crescer muito conforme mais fiéis aderem aos aplicativos de suas igrejas.
Um aspecto relevante é a variação de porte das igrejas e, consequentemente, da quantidade de usuários por igreja. A inChurch serve congregações pequenas – algumas com 50 a 100 membros – nas quais a adoção tende a ser praticamente total (ou seja, quase todos os frequentadores usam o app, pois há um contato próximo e incentivo direto). Por outro lado, há megaigrejas com 20 mil, 30 mil membros, espalhados em vários campi. Nem todos esses integrantes se cadastram de imediato, mas a plataforma oferece incentivos para engajamento contínuo, e os líderes promovem campanhas de adesão digital. Pequenos templos de 50 fiéis e grandes instituições com 25 mil integrantes utilizam a plataforma lado a lado , cada qual tirando proveito conforme sua realidade. Isso demonstra a elasticidade da solução, que comporta desde grupos reduzidos até comunidades de massa.
Outro indicador de impacto é o engajamento gerado: igrejas relatam que, através do app, conseguem aumentar a participação dos membros e alcançar pessoas além da geografia local. Por exemplo, na Igreja Ministério Novo Tempo (SP), a média de participantes nos cultos subiu de 50 para 400 após a implantação do app, muito porque antigos visitantes passaram a acompanhar online e novos interessados se engajaram via conteúdos digitais . Também, conteúdo compartilhado pelas igrejas alcançou milhões de visualizações graças ao recurso de retransmissão nas redes – há registro de eventos com 2,7 milhões de visualizações e 34 mil interações obtidas por uma igreja usando a funcionalidade de “antenas” da plataforma .
Em suma, os números atuais posicionam a inChurch como a maior empresa de tecnologia para igrejas da América Latina, suportando dezenas de milhares de ministérios e alcançando possivelmente alguns milhões de usuários ao redor do mundo. A cada nova onda de adoção (seja por contexto como pandemia, seja por estratégia de expansão), esses indicadores de uso têm crescido exponencialmente – algo que a empresa pretende continuar escalando nos próximos anos, conforme a digitalização religiosa avança.
Informações Financeiras Públicas: Faturamento, Investimentos e Valor de Mercado
Como empresa de capital fechado (startup ainda em fase de crescimento), a inChurch divulga seletivamente seus dados financeiros, focando mais em métricas operacionais do que em demonstrativos contábeis. No entanto, algumas informações públicas permitem ter um vislumbre de sua tração financeira e aportes de investimento até o momento.
Em termos de faturamento, a única cifra oficial revelada foi referente a 2020: a inChurch encerrou aquele ano com uma receita recorrente superior a R$ 460 mil por mês . Isso equivale a aproximadamente R$ 5,5 milhões de faturamento anualizado, uma marca considerável para uma startup nichada, refletindo o sucesso na conversão de clientes (30 mil igrejas na época) em assinantes pagantes. Vale notar que esse faturamento mensal médio provavelmente aumentou nos anos seguintes, acompanhando o crescimento na base de igrejas (que passou de 30 mil para 45 mil de 2021 a 2023). De fato, os fundadores mencionaram que triplicaram de tamanho no primeiro trimestre de 2023 – embora não especificando se referiam a receita, número de usuários ou outro indicador, tal declaração sugere uma forte expansão financeira no período. Ainda assim, a empresa não confirma publicamente se já opera no azul (lucro) ou se ainda queima caixa para sustentar o alto crescimento. Quando questionados sobre lucratividade, Pedro e Sydney preferiram não revelar, indicando que essas informações são estratégicas e que “não dizem se a empresa já lucra ou opera no prejuízo” . Também não divulgam o volume transacionado pela plataforma (soma de doações, vendas de ingressos etc.), possivelmente para evitar escrutínio sobre o dinheiro movimentado em ambiente religioso .
No quesito investimentos recebidos, a trajetória da inChurch conta com duas rodadas principais já realizadas e outras em planejamento:
Investimento Anjo (2018): no início da operação, a inChurch recebeu um aporte anjo de R$ 3 milhões de Pedro Moll, empresário membro da comunidade cristã e filho do fundador da rede hospitalar Rede D’Or . Esse investimento semente foi captado de forma pouco convencional: ocorreu via contatos dentro da própria igreja. Segundo relato de Sydney, eles foram apresentados a Moll durante um evento e, no dia seguinte, já o encontraram disposto a investir ao enxergar o potencial do projeto . Pedro Moll tornou-se assim o primeiro grande apoiador financeiro da startup, “abençoando” o negócio em sua fase inicial e abrindo caminho para seu desenvolvimento. Vale destacar que Moll é uma figura de relevância empresarial (a Rede D’Or realizou IPO bilionário posteriormente), o que trouxe credibilidade à inChurch desde cedo.
Rodada Seed (2020): no final de 2020, a inChurch estruturou sua primeira rodada formal de venture capital, levantando R$ 5 milhões para escalada do negócio . Essa rodada seed foi liderada pela Smart Money Ventures, um clube de investidores-anjos notório, cofundado por Fábio Póvoa (co-criador da Movile, empresa-mãe do iFood) e César Bertini (empreendedor ex-MC1) . Junto a eles, participaram mais de 20 investidores seletos – muitos conectados à rede pessoal dos fundadores – e a própria Eduzz (plataforma digital de cursos) como investidora institucional . Curiosamente, tanto o aporte anjo de 2018 quanto essa rodada seed de 2020 fugiram do circuito tradicional de venture capital: ambas tiveram origem em redes de contato de dentro do universo religioso, não passando pelos fundos clássicos de tecnologia . Isso exemplifica o fenômeno conhecido como “passion economy”, citado por César Bertini: empresas que atendem comunidades de paixão (no caso, a fé) muitas vezes atraem investidores que compartilham daquele propósito . No seed da inChurch, embora vários investidores fossem evangélicos – inclusive o próprio Bertini, que é presbiteriano e chegou a implementar o app em sua igreja local – cerca de 80% dos investidores não eram do meio religioso , ou seja, colocaram dinheiro pela oportunidade de negócio em si. Esse grupo diversificado de anjos e microfundos trouxe, além do capital de R$ 5 milhões, um leque de conexões e mentorias que têm apoiado a inChurch em estratégia e governança. A rodada seed avaliou a empresa por um valuation não divulgado, mas certamente bem superior ao estágio anjo, consolidando a inChurch como uma das startups promissoras do ecossistema brasileiro naquele ano (2021).
Com esses aportes, o total de investimentos captados publicamente pela inChurch soma R$ 8 milhões. Esse montante foi utilizado para desenvolvimento de produto, crescimento da equipe, marketing, expansão internacional (como a instalação nos EUA) e aquisições estratégicas (como a compra da Atos6 em 2023). Segundo notícias, a inChurch destinou parte dos R$ 5 milhões captados justamente para financiar a entrada no mercado norte-americano via UninChurch .
No horizonte, os fundadores e investidores indicam a preparação de uma nova rodada de investimento (Série A) possivelmente para 2024. Em declarações no final de 2021, César Bertini mencionou que “no ano que vem teremos uma nova rodada, com outro fundo entrando, a um valuation maior”, deixando em aberto o quanto seria captado e em que avaliação . Essa Série A tende a buscar recursos na ordem de alguns dezenas de milhões de reais, mirando acelerar a internacionalização e desenvolvimento de novas features. Embora até meados de 2023 não haja confirmação pública de conclusão dessa rodada, a empresa tem demonstrado métricas sólidas e narrativas atrativas – o que a coloca em posição favorável para receber investimento de fundos maiores quando julgar necessário.
Sobre valor de mercado (valuation), não há dados oficiais divulgados. Como não é empresa listada, o valuation é inferido apenas em contexto de rodadas privadas. Considerando o faturamento crescente e a base de clientes, especula-se que o valuation na Série A seria significativamente superior ao da seed. O próprio sonho dos fundadores é atingir o status de “unicórnio” – startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão – no longo prazo . Evidentemente, no momento atual a inChurch ainda está distante desse patamar, mas almeja chegar lá através da expansão global e consolidação do mercado de tecnologia religiosa. Se e quando tal valuation bilionário for atingido, a empresa planeja inclusive abrir capital (IPO), segundo palavras de Sydney de Menezes .
Por ora, a inChurch destaca-se por liderar um setor de nicho de tamanho surpreendente: somente o mercado evangélico brasileiro movimentou cerca de R$ 23 bilhões em 2019 (incluindo doações, eventos, mídia etc.) , e globalmente o segmento de tecnologia para igrejas já gerou unicórnios (a exemplo das americanas Ministry Brands e PushPay) . Esses números sugerem que há espaço para a inChurch multiplicar seu valor de mercado à medida que captura uma fatia maior desse bolo e se internacionaliza. Contudo, valuation preciso e métricas como EBITDA ou margem de lucro permanecem confidenciais. O que se sabe é que a empresa vem reinvestindo fortemente: a previsão de R$ 10 milhões em investimentos próprios para 2023 (em contratações e aquisições) indica que, com ou sem lucro contábil, a prioridade tem sido o crescimento acelerado e a consolidação de mercado, sustentados pelos recursos captados e pela geração de receita recorrente.
Estratégias e Perspectivas de Crescimento
A inChurch delineia suas estratégias de crescimento fundamentadas em dois eixos principais: expansão geográfica (novos mercados e internacionalização) e profundidade de produto (novas soluções e aumento da penetração nas igrejas existentes). Aliado a isso, adota abordagens de parceria e aquisição para acelerar o ritmo, e mantém uma visão de longo prazo alinhada às melhores práticas das startups de sucesso.
1. Internacionalização e expansão de mercado: Reconhecendo que os desafios das igrejas não são exclusivos do Brasil, a inChurch mira oportunidades globais. Uma iniciativa estratégica foi começar a expansão pelos Estados Unidos, mercado robusto de consumo religioso e tecnologia. Ao instalar a UninChurch em Orlando em 2022, a empresa plantou uma base nos EUA com o intuito de capacitar líderes locais e também muitos pastores brasileiros que passam férias na Flórida . A ideia, nas palavras de Sydney, é “fazer barulho” a partir desse polo visível, usando a educação como porta de entrada, para depois levar a tecnologia inChurch em si ao exterior . Esse movimento mostra uma estratégia calculada de land and expand: em vez de simplesmente vender o software fora, começa-se criando relacionamento e valor (via treinamento) para então converter igrejas estrangeiras em clientes da plataforma.
Além dos EUA, a inChurch já atua em diversos países por meio das próprias igrejas brasileiras com unidades internacionais (Europa, África, América Latina, Japão, etc.) . A perspectiva é localizar a plataforma em diferentes idiomas e culturas, adaptando recursos conforme necessário (por exemplo, integrando métodos de pagamento locais). O crescimento fora do país também pode ser impulsionado por parcerias com denominações globais – tal como Ministry Brands consolidou nos EUA provendo tecnologia a múltiplas igrejas de várias linhas, a inChurch almeja ser a fornecedora preferencial para igrejas de língua portuguesa mundo afora e, gradualmente, também para igrejas locais em outros idiomas.
2. Aumento do portfólio e inovação em produtos: Internamente, a startup continua investindo em P&D para aprimorar sua plataforma e lançar novidades. Em 2022, por exemplo, estavam para lançar “mais um produto, cujos detalhes ainda são um mistério” – possivelmente o redesenho do inRadar ou outra funcionalidade inovadora. A empresa monitora as necessidades das igrejas que ainda não estão sendo atendidas e busca incorporá-las. Uma tendência pós-pandemia é a consolidação do modelo de igreja híbrida, combinando presencial e online . A inChurch posiciona-se para ser a espinha dorsal dessa igreja híbrida, provendo recursos como transmissão multi-plataforma, gestão de engajamento contínuo e análise de dados (pode-se prever, por exemplo, o uso de analytics e algoritmos para ajudar pastores a identificar membros afastados, algo que já começou a ser implementado em 2021 ). A roadmap de produto inclui também integração com redes sociais (potencial para compartilhar conteúdos do app diretamente em Facebook/Instagram via perfis de membros, ampliando alcance) e recursos de comunidade (como fóruns de discussão ou chats dentro do app, a depender da demanda).
A aquisição da Atos6 em 2023 reflete a estratégia de “crescer via aquisições (M&A)”. Em vez de competir com todos os players, a inChurch optou por comprar uma concorrente direta, agregando seus serviços e clientes. Conforme Luiz Barbosa (Atos6) pontuou, essa união de forças cria oportunidade de construir algo muito maior, de nível global . Ou seja, a startup não descarta usar capital levantado para consolidar o mercado – adquirindo outras ferramentas complementares ou concorrentes, tanto no Brasil quanto lá fora, multiplicando sua base instalada rapidamente. Isso indica um posicionamento agressivo de liderança: ser a plataforma nº1 para igrejas na América Latina (o que já é) e avançar para ser a principal também em outros continentes, via crescimento orgânico e inorgânico.
3. Parcerias estratégicas e comunidade: Outra estratégia é aprofundar parcerias que possam alimentar o funil de clientes. A inChurch estreitou laços com associações como a CEBs (Comunhão Evangélica Brasil, supondo) e eventos do segmento, tornando-se presença frequente em feiras e conferências gospel tech. Ao educar o mercado (por meio de palestras, conteúdos em seu blog e cases de sucesso), a empresa evangeliza – no sentido tecnológico – as igrejas sobre a importância da transformação digital. Essa estratégia de conteúdo e evangelização (metafórica) é fundamental, pois muitos líderes religiosos ainda estão se acostumando com tantas ferramentas modernas. A inChurch se coloca como especialista confiável, oferecendo não só o produto mas também conhecimento de melhores práticas. Isso fideliza clientes atuais e traz novos, que buscam a plataforma já convencidos da necessidade. A parceria com a Eduzz, por exemplo, pode evoluir para que a inChurch penetre no meio dos influenciadores gospel: imagine pregadores famosos recomendando o app da sua igreja ou vendendo cursos através dele – tais sinergias estão no radar para alavancar a base de usuários.
4. Foco no sucesso do cliente (Customer Success): Uma parte importante da estratégia B2B2C da inChurch é garantir que as igrejas realmente obtenham valor e resultado usando a plataforma. Afinal, o engajamento dos fiéis depende em boa medida de como a liderança usa as ferramentas. Reconhecendo isso, a empresa investe em treinamento e suporte intensivo às igrejas – não por acaso criou a UninChurch e capacita voluntários localmente . Nos bastidores, há equipes de customer success dedicadas a auxiliar os clientes a lançarem seus apps com êxito, fazer campanhas de divulgação dentro da igreja, interpretar relatórios de uso e assim por diante . Essa abordagem consultiva, mais próxima de uma consultoria estratégica de igreja digital do que de um simples suporte técnico, é diferencial da inChurch. Ele minimiza churn (cancelamento) e transforma os pastores em advogados da solução, propagando sua eficácia para outros líderes – o que gera crescimento por indicações. Conforme Sydney destacou, “nosso trabalho está mais em dar suporte a essas igrejas para colocar nossos projetos no ar do que em captar usuários diretamente” . Ou seja, a startup se dedica a fazer cada implementação ser um caso de sucesso, pois isso naturalmente leva a mais adoção no boca-a-boca entre comunidades de fé.
5. Busca por capital e escala global: Olhando adiante, a inChurch se prepara para novas rodadas de captação que financiem sua visão ousada. A esperada Série A trará um fundo institucional no cap table, possivelmente abrindo portas a mercados internacionais e parcerias de alto nível. Os recursos serão aplicados em três frentes: melhoria contínua do produto (tecnologia), expansão comercial (marketing/vendas) e consolidação de mercado (M&A). O objetivo declarado é entrar para o seleto grupo de unicórnios brasileiros, o que no contexto do setor religioso seria inédito e simbólico – provaria que a chamada “tech for faith” (tecnologia para fé) pode atingir escala bilionária. Para isso, os sócios miram benchmarks como as empresas americanas que atingiram grande porte servindo igrejas, e sonham em replicar esse feito . A eventual abertura de capital (IPO) também foi citada como meta de longo prazo, o que sugere que a governança e estruturação interna já estejam sendo moldadas para suportar esse caminho .
Em resumo, as perspectivas de crescimento da inChurch são altamente otimistas e planejadas de forma estruturada. A empresa aposta na contínua necessidade de digitalização das igrejas (uma tendência irreversível pós-2020), e posiciona-se para ser a parceira tecnológica preferencial desse segmento em expansão. Com estratégias combinando inovação de produto, expansão internacional, aquisições e fortalecimento de marca no ecossistema cristão, a inChurch vislumbra um futuro onde fará história não somente no Brasil, mas também globalmente – “levando tecnologia de ponta aos países que ainda não têm acesso a ela para ajudar no cuidado das pessoas”, nas palavras do CRO Nando Valente . Se a fé move montanhas, na inChurch move também os negócios: o propósito e a inovação caminham juntos na busca por transformar a forma como as igrejas se conectam e crescem na era digital.
Participação em Aceleradoras e Prêmios Relevantes
Ao longo de sua trajetória, a inChurch obteve reconhecimentos importantes no ecossistema de startups, destacando-se sobretudo por sua participação em programas de aceleração de renome. Um marco notável foi em 2020, quando a inChurch foi selecionada para o Programa Scale-Up Endeavor (batch nacional do segundo semestre de 2020) . Essa iniciativa, conduzida pela Endeavor – organização global de fomento ao empreendedorismo de alto impacto – identifica e apoia empresas com grande potencial de crescimento. A inChurch figurou entre as 66 empresas escolhidas naquele ciclo, ficando entre as 200 scale-ups de maior potencial no Brasil em 2020 . Mais do que isso, foi ressaltado que ela era a primeira e única startup do segmento cristão a entrar nessa lista de scale-ups . Esse reconhecimento validou o modelo de negócio inovador da inChurch e sua rápida expansão, mesmo atuando em um nicho até então pouco explorado no cenário de inovação.
Durante o programa Endeavor, os fundadores tiveram acesso a mentoria especializada, networking e desenvolvimento de estratégias para escalar a empresa de forma sustentável. Participar dessa aceleração foi considerado pela dupla como “uma alegria imensa” e interpretado como “mais uma etapa dirigida por Deus” na jornada da inChurch, conforme disse Sydney de Menezes na ocasião . Para Pedro Franco, a sensação era de privilégio por serem pioneiros representando o segmento de tecnologia cristã nesse meio, encarando isso como uma “benção alcançar esse marco” dentro do ecossistema de startups .
Em termos de prêmios, até onde se sabe a inChurch não chegou a concorrer ou receber prêmios tradicionais de inovação ou startup do ano – possivelmente por ser de nicho, sua projeção se dá mais em reconhecimentos setoriais (como artigos em mídia de negócios e a seleção Endeavor). No entanto, o fato de aparecer na mídia nacional (Exame, O Globo, IstoÉ Dinheiro) como case de transformação digital em igrejas já denota um nível de destaque. Em 2021, por exemplo, foi mencionada como exemplo na Folha de S.Paulo de startup crescendo com a “fé na inovação” durante a pandemia . Em 2023, foi capa de matéria intitulada “Igreja 4.0”, que enfatizava sua expansão exponencial e estratégia agressiva de aquisições . Essa visibilidade aponta que a inChurch está no radar dos principais veículos de economia e tecnologia do país, o que por si só é um reconhecimento da relevância de seu negócio.
Adicionalmente, a empresa orgulha-se de ser pioneira no que faz: é frequentemente chamada de “maior empresa de apps e tecnologia para igrejas da América Latina” , sendo praticamente sinônimo de digitalização de igrejas em muitos círculos. Esse pioneirismo lhe rendeu convites para participar de programas como o 100 Open Startups (ranking de startups que colaboram com grandes empresas) e outros eventos, embora não tenhamos dados específicos de premiações nesses.
Em resumo, no quesito “aceleradoras e prêmios”, o maior destaque da inChurch foi integrar o programa Scale-Up Endeavor (2020) – fato que a colocou num patamar de scale-up reconhecida nacionalmente – e ser reconhecida pela comunidade de inovação como case de empreendedorismo com propósito (união de religião e tecnologia). Essas conquistas reforçam a imagem da empresa e aumentam a confiança de investidores e clientes em seu potencial de execução e impacto.
Referências:
Barbosa, Mariana. “Na start-up inChurch, é a fé que move os negócios”. O Globo – Blog Capital (19/06/2021) .
Rolfini, Fabiana. “Após aporte de R$ 5 mi, inChurch leva seu braço educacional para os ‘States’”. Startups.com.br (15/02/2022) .
Silva, Beto. “Igreja 4.0: com fé na inovação, startup de religião busca escalar globalmente”. IstoÉ Dinheiro (29/07/2023) .
Ravi, Phillipe (Folhapress). “Digitalização de igrejas é aposta da startup inChurch”. Folha de S.Paulo / ClickPB (24/12/2021) .
Reinhardt, Bruno. “Mídia, mercado e ministério: a trajetória recursiva de um aplicativo para igrejas”. Revista de Estudos da Religião - PUC-SP (2023) .
Blog Demais (Dimas Oliveira). “inChurch na lista de empresas scale-up da Endeavor” (24/07/2020) .
Dados institucionais inChurch (site e redes sociais).